Colegiado ouviria nesta quinta-feira (5) o policial militar Beroaldo José de Freitas Júnior. Em nota, presidente da CPI cita 'expectativa de baixo quórum para oitiva'. A CPI dos Atos Golpistas cancelou a sessão marcada para esta quinta-feira (5), que tomaria o depoimento do policial militar Beroaldo José de Freitas Júnior. Ele atuou na contenção aos ataques de 8 de janeiro.
Com a medida, não deve haver novos depoimentos na comissão. Na sessão de terça (3), o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou que a oitiva de Beroaldo seria a última, e que não seriam realizadas sessões na próxima semana.
A apresentação do relatório da comissão pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) está marcada para 17 de outubro.
Em nota, Arthur Maia afirma que "diante da expectativa de baixo quórum para oitiva e do enfoque maior dos gabinetes na preparação do relatório final e de eventuais votos em separado, informamos que a reunião de amanhã está cancelada".
Com a decisão, a probabilidade é que o último depoimento da CPI tenha sido o do empresário Argino Bedin, investigado como suposto financiador dos bloqueios golpistas nas rodovias federais após as eleições de 2022. Ele ficou em silêncio na oitiva, na terça-feira.
Empresário fica em silêncio durante depoimento na CPI dos Atos Golpistas
Falta de acordo e leitura do relatório
A reta final da CPI tem sido marcada por dissenso entre governo e oposição. Na terça, Arthur Maia chegou a anunciar que a comissão se reuniria a portas fechadas nesta quarta (4), com "representantes da oposição e do governo", para tentar um acordo sobre os últimos depoimentos a serem tomados.
No fim da manhã, Maia desmarcou a reunião apontando "falta de acordo", e a comissão definiu os procedimentos de apresentação do relatório, que devem ocorrer da seguinte forma:
leitura do parecer de Eliziane e de votos em separado: terça-feira (17)
eventual pedido de vista poderá ser concedido, com prazo de 24 horas
discussão e votação do relatório: terá início na quarta-feira (18), às 9h
"Se não tiver pedido de vista, iniciamos o debate na terça. Certamente terá. Então, darei vista até quarta-feira. Se houver pedido de vista, darei vista até as 9h do dia seguinte. E damos início à votação", disse Maia.
O depoimento cancelado
Subtenente, Beroaldo José de Freitas Júnior é um dos policiais militares que sofreram lesões durante os ataques de 8 de janeiro.
À época primeiro-sargento, ele e a então soldado Marcela Pinno, que já foi ouvida pela CPI, foram atirados de uma das cúpulas do Congresso Nacional, a uma altura de quase três metros. Os dois foram promovidos pelo governo do Distrito Federal por "ato de bravura".
Em depoimento à Corregedoria da PMDF, obtido pela TV Globo, Beroaldo disse quase ter sido morto. Ele classificou o episódio como o "pior de todos" os "distúrbios civis no Distrito Federal".
"O clima no interior era de caos. A gente fala que é de caos total. Até porque a nossa tropa estava com aproximadamente 20 homens – talvez um pouco mais ou pouco menos. Mas acredito que eram mais de 200 de pessoas lá no interior do Palácio. E nós já tínhamos enfrentado eles lá fora. O ânimo deles era totalmente agressivo. Inclusive, eu quase fui morto. Eu e a soldado Marcela quase morremos nesse confronto, nesse primeiro momento. Estava ferido, fui socorrido depois disso todo ensanguentado, porque nem sabia que estava ferido. Mas depois fui identificado como lesionado", afirmou.